Outubro. O semestre letivo acabara de começar. O advento do horário de verão deixava o ritmo ainda mais lento na Casa do Estudante em Camobi, a famosa C.E.U. II. Na tardinha de um daqueles dias, Leonardo Glass decide fazer o que sabe de melhor: ir visitar o Lucas. O que eles não sabiam era que o destino também lhes faria uma visita naquele dia.
Leonardo chega ao apartamento de Lucas no bloco 14 e é recepcionado com um mate quente e uma boa conversa sobre as filhadaputagem que os professores reservavavem naquele semestre. Impelidos pelo veranico que se aproximava, ambos decidem sentar-se à rua e ver
a bunda das meninas o movimento. "Leva o violão" Leonardo pede para Lucas que prontamente atende ao pedido do amigo e colega. O destino agora era inevitável.
Eram 18:30 horas quando tudo começou. Leonardo e Lucas se assentaram à entrada do bloco e seguiram conversando, mateando e "violando". O horário da janta do RU e o delicioso cardápio daquele dia conspiraram a favor dos meninos. E eis que surge a primeira música encampada por Lucas: "Leilão". Sucesso total. Três pessoas e 2 cachorros pararam por alguns segundos para ver aquele magnífico espetáculo.
A playlist seguiu com Engenheiros do Hawaii, Djavan, Nenhum de Nós, Marisa Monte... mas o rapazes perceberam que o que fazia sucesso eram os sertanejos e o mate. Eles não tiveram dúvidas, enquanto Lucas enchia a cambona com mais água fervendo, Leonardo treinava as 4 notas que o acompanhariam todas as músicas no restante daquela noite: Sol, Ré, Mi menor e Dó.
20:00, o baile ia alto. Grandes sucessos de Leandro & Leonardo, Gian & Giovani, Christian & Ralf, Pena Branca & Xavantinho entre outras duplas. Cabe lembrar que à época, Vítor & Léo eram apenas parte da defesa gremista e Luan Santana ainda assistia pokemon. O sertanejo ainda era de raíz.
20:30, alguns agrônomos ivorenses do bloco 31 se achegam para a festa. O clima esquenta. Mulheres também param e eis que de repente surge o moemnto ápice daquela noite.
Leonardo seguindo firme nas 4 notas e começa a cantar:
"As luzes da cidade acessa..."
Delírio geral. O clássico dos clássicos do sertanejo vinha à baila: "Desculpe mas eu vou chorar" da dupla "Leandro & Leonardo".
"Vou choraaaaaar, desculpe mas eu vou choraaaaaar ..."
O refrão emociona o coração de todos os presentes. Não havia quem não soubesse a letra. Mesmo os maconheiros do bloco 13 secretamente cantavam junto com a massa.
E num rompante de inspiração, Leonardo e Lucas cantam aquele que se tornaria o hino não oficial de Ivorá, para a alegria dos munícipes ali presentes:
"Ivorááááááááááá
Desculpe, sou de Ivorá
Não ligue se eu não te ligar
Mas é que lá não pega celular"
Risos, aplausos, fogos... A população ivorense ali presente entra em êxtase. Ali estava toda a essência, todos os sonhos e anseios daquela pequena cidade da 4ª colônia sintetizada em 4 simples versos.
Estimou-se à época que estavam presentes no evento cerca de 6 ivorenses, ou seja, 1/3 da população total da cidade.
E o baile seguiu até a 00:00. Este foi um daqueles momentos que não se planeja. Eles simplesmente aocntecem. Foram quase 6 horas, de mate, música e muita festa. Infelizmente, como todo o evento improvisado não houveram registros fotográficos.
Mas com certeza, na memória de cada uma daquelas pessoas, há algo que ficou gravado no coração. Quatro simples frases que ecoam até hoje, e continuarão ecoando enquanto durar o universo (ou enquanto não sair o asfalto de Ivorá, o que vier a acontecer primeiro).
"Ivorááááááááááá
Desculpe, sou de Ivorá
Não ligue se eu não te ligar
Mas é que lá não pega celular..."
A cidade de Ivorá
Amplexos!